segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Libra Maria

No dia 10 de Janeiro de 2003, após perder a mãe atropelada na garagem do meu trabalho, minha pequena gatinha preta e branca foi por mim socorrida e imediatamente levada ao veterinário: sua saúde inspirava cuidados e ela não conseguia sequer se manter em pé, apresentando sinais claros de desnutrição e desidratação.
No veterinário seu quadro clínico foi confirmado e, ao pesá-la, verificamos que ela tinha cerca de 475 gramas, ou seja, uma libra, e por sugestão do meu marido surgiu seu nome. O nome Maria foi uma promessa que fiz a Nossa Senhora caso a gatinha sobrevivesse (sei que para muitos isso é uma heresia, mas para mim é e sempre será uma justa homenagem).
O veterinário nos avisou que as chances de sobrevida dela eram muito pequenas devido ao seu grave estado de desnutrição. Fui então orientada a fazer uma formula que, segundo Drº Rogério, era milagrosa: devia pegar uma lata de leite em pó vazia, picar dois quilos de músculo e colocar dentro da lata. A lata então deveria ser levada ao fogo em banho-maria por 1 hora, e o caldo que surgisse seria dado à gatinha a cada três horas todo o fim de semana (era sexta-feira). Assim foi feito.
No domingo de manhã, a Libra já apresentava certa melhora, já conseguindo se manter em pé por alguns minutos. A cada três horas eu lhe dava com uma seringa a mistura milagrosa.
Na segunda, levei a gatinha ao veterinário e, para surpresa dele, ela estava bastante ativa e bem mais forte. Fui orientada então a comprar uma boa ração de filhote e deixar as vacinas para quando ela estivesse mais forte.
Durante um ano, ela foi filha única; era uma gatinha muito mimada e já se mostrava bastante temperamental, não gostando muito de intimidade e nem de muito chamego.
Eu diria mesmo que a Libra é tudo aquilo que a maioria das pessoas pensa de um gato: ela é mal humorada, rabugenta, deliciosamente egoísta e eu, por minha vez, sou tão tremendamente apaixonada que quando sou objeto de sua soberba atenção, evito me mover ou mesmo respirar um pouco mais fundo para não perder o direito de ser acariciada ou mesmo pisada pelo amado rolo compressor de quatro patas (que hoje pesa bem mais que seis quilos).
Meu maior prazer é quando ela, em sua infinita bondade resolve “amassar pão” e ronronar perto de mim. Somente quem ama gatos é capaz de entender que coisa mais linda e prazerosa é ver uma gata gorda e mal humorada chegar toda lânguida, aproximar a carinha do meu corpo e mexer as patas em um movimento que lembra muito um filhotinho mamando...

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